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Às 15h do dia 30 de junho de 2002, no Largo da Locomotiva, na Avenida Presidente Vargas, teve início uma história que, neste ano, celebra duas décadas de festividade e resistência. Com o apoio do Consórcio Intermunicipal de Saúde da Região Centro, da Secretaria de Cultura de Santa Maria e do Bloco Continuamos Virgens, a primeira edição da Parada Livre da Região Centro trazia em seu cartaz de divulgação a frase: “venha exercer seu direito de ser homossexual e lutar pela livre opção sexual”. De lá para cá, o mundo mudou. Por exemplo, caiu em desuso o termo “opção” para se referir à orientação sexual. A comunidade LGBT+ viu algumas leis serem aprovadas e teve direitos conquistados. Por outro lado, os números de violência contra gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais continuaram crescendo no Brasil. Em Santa Maria e região, não foi diferente. Em 7 de setembro de 2019, duas trans foram mortas em menos de 24h em Santa Maria: Carolline Dias, 27 anos, e Nemer da Silva Rodrigues, 37. Em dezembro do mesmo ano, mais um crime: Verônica de Oliveira, a Mãe Loira, foi assassinada aos 40 anos.Como forma de afirmação e resistência, para celebrar as duas décadas de luta, a 20ª Parada Livre da Região Centro, realizada pela ONG Igualdade com apoio da prefeitura, promete, neste final de semana, muita festa e militância, na Gare da Estação, pelo direito de ser e de amar. No sábado, haverá um palco livre com participação de artistas LGBT+ e roda de conversa com o coletivo Ará Dudu. Em debate, o racismo na comunidade. No domingo, às 14h, ocorre a concentração para a 2ª Caminhada Trans da Região Centro, na Praça Saldanha Marinho. Já a Parada Livre começa às 16h.Apesar de a primeira edição oficial da parada ter ocorrido em 2002, houve tentativas anteriores de realizar uma grande festa para unir a comunidade LGBT+ em Santa Maria.
A professora Martha Souza, que era consultora do Ministério da Saúde no Disque Aids na época, conta que, desde 1996, pessoas da comunidade a contatavam, propondo a realização de um evento voltado para o público. Com a chegada de uma verba do governo, em 1999, para realizar campanhas e eventos, começou a ser discutida a possibilidade de realizar uma celebração. A professora menciona que a comunidade se reunia na “Casa da Dinda”, um local que acolhia pessoas LGBT+, próximo à Associação da Via Férrea, na Vila Belga. Conforme Martha, o Clube dos Ferroviários ainda funcionava na época. Então, eram realizadas muitas campanhas de conscientização e celebrações de Carnaval no local, no início dos anos 2000.
– A parada despertou várias questões. Primeiramente, em colocar a cara na rua, para que a sociedade começasse a enxergar a população e pudéssemos buscar dignidade, cidadania e respeito. Apesar de eu ser apenas simpatizante à causa, tenho muito orgulho, aprendi muito nesse movimento – conta Martha, que, inclusive, realizou sua pesquisa de doutorado sobre a saúde de pessoas trans na região de Santa Maria.
Martha Souza diz que adoraria poder falar que a comunidade teve muitos avanços, mas menciona os crimes do final de 2019, quando mulheres trans foram assassinadas na região.
– Naquele momento de tragédia, ainda ouvimos posições preconceituosas em relação à isso. Então, considero que houve muitos retrocessos também nas questões LGBT+. Mas isso nos mostra que a luta continua, e que essa luta tem que ser de todos. Santa Maria deve ser uma cidade acolhedora para todos e todas e não só para alguns – diz Martha Souza.
Confira a programação da Parada Livre da Região Centro:
Sábado, a partir das 14h
Palco livre com participação de Artistas LGBT+Roda de Conversa com o coletivo Ará Dudu, sobre o racismo na comunidade LGBT+Apresentação dos artistas MC Jan Pedro, recebendo convidados no palco, e Pablo KempzNos dois dias, o Ônibus Lilás, unidade móvel do Departamento de Políticas para as Mulheres da Secretaria Estadual de Desenvolvimento, Trabalho e Justiça (SCJDH/RS)estará oferecendo serviços gratuitos à população LGBT+, como orientação para retificação do nome e gênero, atendimentos de saúde e com psicólogos, advogados e assistentes sociais
Domingo, a partir das 14h
Concentração para a 2ª Caminhada Trans da Região Centro, na praça Saldanha MarinhoÀs 15 horas, na Gare da Estação, ocorre a Parada TransÀs 16 h, no mesmo local, inicia a 20º edição da Parada Livre da Região CentroShows de Raquel Tombesi, Ronald e Wesley, MC Jan Pedro, Onze Music, DJ Diego Silva, Conversa Fora, Arte Samba, DJ Mi Vargas, DJ Tilo, Studio de Artes Sensuais Femme on Fire, e muito mais
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